Imunodeficiências: novo estudo analisa impacto do diagnóstico tardio e dos tratamentos na qualidade de vida

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Categoria: Artigos Científicos

Saiba o que são as imunodeficiências primárias e conheça a importância do diagnóstico correto para aumentar a qualidade de vida.

 

Você sabe o que são as imunodeficiências primárias?

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O próprio nome dá uma dica do que se trata: elas são, de fato, problemas na ação ou no desenvolvimento do sistema imune. As causas são genéticas, isto é, a pessoa já nasce com as imunodeficiências primárias. Atualmente, são conhecidas mais de 400 mutações em genes que podem levar a problemas no funcionamento do sistema de defesa do corpo. Quem nasce com essas mutações possui uma predisposição a desenvolver infecções graves, inclusive formas crônicas e incapacitantes de infecções.

Há uma enorme variedade de problemas que as imunodeficiências podem causar, alguns menos perigosos, outros potencialmente fatais. Alguns aparecem logo na infância, outros podem demorar anos até que os sintomas se manifestem. Por envolverem causas genéticas, nem sempre bem compreendidas, é comum que as imunodeficiências sejam confundidas com outras doenças, e ainda é raro que testes genéticos sejam realizados para confirmar o diagnóstico.

 

Existem imunodeficiências secundárias?

Existem, sim. As imunodeficiências primárias, como vimos acima, têm causa genética. As secundárias, por sua vez, são adquiridas. Algumas maneiras pelas quais as imunodeficiências secundárias se desenvolvem são: pela utilização de imunossupressores em casos de transplantes; durante o tratamento de doenças autoimune sistêmica; ao longo de tratamentos quimioterápicos, ou até mesmo durante certas infecções virais.

 

Por causa de todas essas complexidades, estima-se que 90% das pessoas com alguma imunodeficiência não estão devidamente diagnosticadas – e esta é uma questão bastante séria, já que, quanto mais tempo se passa entre o aparecimento dos sintomas e o diagnóstico correto, maiores as chances de complicações.

 

ALERGOLOGICA - posts - anticorpoExemplos de imunodeficiências primárias

  • Agamaglubulinemia congênita
  • Ataxia-telangiectasia
  • Candidiase mucocutânea crônica
  • Deficiência seletiva de IgA
  • Febre familiar do Mediterrâneo
  • Hipogamaglobulinemia transitória da infância
  • Imunodeficiência combinada grave
  • Imunodeficiência comum variável
  • Síndrome Chediak-Higashi
  • Síndrome de Muckle-Wells
  • Síndrome de Wiskott-Aldrich
  • Síndrome Griscelli
  • Síndrome hiper-IgE
  • Síndrome hiper-IgM
  • Urticária familiar ao frio

 

Não é incomum, por exemplo, encontrar adultos que passaram anos indo a hospitais, sofrendo com infecções que poderiam ser evitadas e apresentando até mesmo danos em órgãos internos, tudo porque uma imunodeficiência primária não foi corretamente diagnosticada anteriormente.

Defeitos relacionados à imunoglobulina A são a forma mais comum de imunodeficiência primária, atingindo aproximadamente 01 em cada 300 indivíduos – mas em 60% dos casos não há sintoma nenhum!

 

QUAL A ATUAL SITUAÇÃO DOS TRATAMENTOS PARA AS IMUNODEFICIÊNCIAS?

Um novo estudo, publicado no periódico científico Clinical Immunology e que contou com a participação de pesquisadores da Clínica Alergológica, analisou o impacto do diagnóstico tardio e de opções de tratamento na qualidade de vida de pessoas com imunodeficiências primárias. O trabalho, uma revisão da literatura científica sobre o tema, analisou mais de 60 estudos anteriores e traz dados impactantes, como:

  • O tempo entre o desenvolvimento dos primeiros sintomas de uma imunodeficiência primária e o diagnóstico da doença ainda é alto, mas tem diminuído nas últimas décadas. Nos EUA, por exemplo, entre os anos de 1976 e 1986, em média uma pessoa levava 17 anos e meio para ser diagnosticada – esse tempo caiu para menos de 03 anos após 1996! Ainda assim, para muitas imunodeficiências, pode levar mais de uma década até que o diagnóstico seja obtido. E nesse tempo…
  • Quanto mais tempo uma pessoa que possui alguma imunodeficiência passar sem ser devidamente tratada, maiores as chances de desenvolver formas graves de infecções como pneumonia e complicações respiratórias. Análise de dados de saúde europeus relacionados à imunodeficiência comum variável apontou um aumento de 1.7% na mortalidade a cada ano passado sem um diagnóstico.
  • Um estudo global realizado em 2020 estimou que pouco mais de 13% das pessoas com imunodeficiências realizaram testes genéticos, um número extremamente baixo. Outros estudos indicam que estes testes melhoram a acurácia dos diagnósticos e os tratamentos que as pessoas recebem, já que permitem uma customização baseada nos fatores de risco e no perfil biológico de cada um.
  • Hoje em dia, já existem diversos tratamentos para as imunodeficiências primárias, envolvendo desde a reposição de imunoglobulinas e uso profilático de antibióticos a técnicas específicas para cada deficiência. Já há, inclusive, maneiras mais práticas e convenientes de se receber estes tratamentos, que demandam menos visitas a centros de saúde e menos tempo de consulta, o que favorece não apenas a saúde, como também a qualidade de vida do paciente.

Apesar de dados positivos com relação aos tratamentos e ao tempo de diagnóstico, as imunodeficiências primárias ainda representam um grande desafio à saúde pública. Estudos como esta revisão ajudam a elaborar um panorama mais completo de como a comunidade médica e a sociedade estão lidando com estas questões, apontando caminhos para melhorias e aperfeiçoamentos no cuidado com a saúde.

Participaram do estudo o dr. Antonio Condino-Neto, diretor da ALERGOLÓGICA, e pesquisadores das Universidades de Ottawa (Canadá), da California-Irvina (EUA), da USP, do SL Behring GmbH (Alemanha) e do Alabama Allergy and Asthma Center (EUA). Para saber mais detalhes do trabalho, confira o link a seguir.

 

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