Veja os números e dados já disponíveis sobre eficácia e segurança da Coronavac para o público infantil.
Importantes sociedades médicas nacionais, como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a de Pediatria (SBP) e a de Infectologia (SBI), debateram junto à ANVISA, no início de janeiro deste ano, a liberação da Coronavac para crianças de 03 a 17 anos.
As conclusões da reunião foram tornadas públicas recentemente e indicam o uso da Coronavac para crianças de 06 a 17 anos no mesmo esquema vacinal de adultos – ou seja, 02 doses, com 28 dias entre as aplicações. Nesta faixa etária, dados científicos já corroborados e outros preliminares apontam alta efetividade e baixos riscos da vacina. Para faixas etárias inferiores, a recomendação é aguardar por informações adicionais.
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Confira o vídeo na íntegra do webinar sobre vacinas contra a COVID-19
Como a COVID tem afetado as crianças?
Todas as discussões sobre vacinação de crianças contra a COVID-19 precisam levar em consideração os números da doença, e levantamentos recentes ajudam a lançar luz sobre a questão.
Em comunicado do início deste ano, o Ministério da Saúde afirma que “o Brasil soma 1.449 mortes de meninos e meninas de até 11 anos em decorrência do novo coronavírus e mais de 2.400 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) associada à Covid-19”. Além disso, o Ministério aponta que, no momento, a Covid-19 está entre as dez principais causas de morte de crianças entre cinco e 11 anos no Brasil.
Segundo boletim da SBIm, as taxas de letalidade e de mortalidade de crianças e jovens pela COVID-19 no Brasil são, hoje, maiores do que as observadas em países da Europa e da América do Norte.
O que é a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P)?
Uma das consequências mais perigosas da COVID-19 em crianças, a SIM-P é considerada rara, mas, por afetar diversas partes do corpo ao mesmo tempo, leva grande parte dos casos à UTI.
Os principais sintomas desta síndrome são:
- febre persistente,
- diversos tipos de desconforto gastrointestinal,
- conjuntivite bilateral não purulenta,
- sinais de inflamação com muco,
- comprometimento cardiovascular, como miocardite (inflamação no músculo cardíaco).
A SIM-P está sendo monitorada de perto pelo Ministério da Saúde, já que os números brasileiros são preocupantes. Em 2020, por exemplo, 64% dos casos da síndrome ocorreram em crianças muito jovens, de 01 a 09 anos de idade. Dentre as crianças que precisaram de internação em UTI (44.5% do total), a taxa de letalidade foi de 6%, número 5x superior à taxa observada nos Estados Unidos.
Os números e os dados da Coronavac em crianças e jovens
(e um pouco de terminologia sobre vacinas!)
De acordo com nota conjunta da SBIm, SBP e SBI, já há estudos publicados (ou seja, validados pela comunidade científica) que comprovam a imunogenicidade da Coronavac em crianças e jovens de 03 a 17 anos. “Imunogenicidade”, de acordo com a SBIm, “é a capacidade que uma vacina tem de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos. (Por exemplo,) se todas as pessoas vacinadas os desenvolvem, a imunogenicidade de uma vacina é de 100%”.
Em outras palavras, já há dados científicos de que a Coronavac estimula resposta imune em crianças e jovens de maneira similar ao que é observado em adultos.
O boletim ainda aponta que não há dados sobre a eficácia da vacina nesta faixa etária. Ainda de acordo com a SBIm, eficácia “é a capacidade da vacina prevenir a enfermidade contra a qual se destina. Quando se diz que uma vacina tem 95% de eficácia, significa que 95 a cada 100 vacinados ficam protegidos”.
Já há dados científicos preliminares, contudo, sobre a efetividade da vacina na faixa etária de 06 a 16 anos, vindos do Ministério da Saúde do Chile. “Efetividade” é “o impacto real da vacinação na redução de casos, mortalidade ou hospitalizações por determinada doença” – ou seja, o quanto a vacina, na prática, influi na saúde do público. Crianças vacinadas com a Coronavac tiverem chances muito menores de ficarem doentes, terem sintomas de COVID ou precisarem de internação quando comparadas às não vacinadas. Estes dados ainda não estão publicados e possuem limitações metodológicas, porém traçam um cenário animador.
Com relação aos efeitos adversos, dados do Chile e da China corroboram a segurança da Coronavac. Mais de 03 milhões de doses foram aplicadas no Chile e apenas 319 efeitos adversos (0.01% do total de aplicações) foram relatados, a maioria não graves. Na China, mais de 211 milhões de doses da Sinovac (mesma tecnologia da Coronavac) já foram aplicadas em jovens de 03 a 17 anos, com 14.314 notificações de reações adversas (0.007% das aplicações), sendo 550 consideradas graves (0.0003% do total). Dentre as reações graves, as mais frequentes foram anafilaxia e convulsões.
CONCLUSÃO: é hora de vacinar os pequenos!
Ponderando-se os reais perigos da COVID-19 em todas as faixas etárias, a segurança e aparente efetividade da Coronavac em crianças e jovens e as baixas taxas de reações adversas à vacina, as sociedades médicas indicam, sim, que é o momento de vacinar os pequenos.
“As sociedades brasileiras de Pediatria (SBP), Infectologia (SBI) e Imunizações (SBIm) têm entendimento que à luz dos conhecimentos ora vigentes, os benefícios da vacinação na população de crianças de 6 a 17 anos, com a vacina Coronavac, superam os eventuais riscos associados à vacinação, no contexto atual da pandemia”, escrevem as associações em nota.
Para crianças menores de 06 anos, ainda não há dados suficientes para indicação da vacinação.
Para saber mais:
- https://butantan.gov.br/noticias/covid-19-ja-matou-mais-de-1.400-criancas-de-zero-a-11-anos-no-brasil-e-deixou-outras-milhares-com-sequelas
- https://familia.sbim.org.br/vacinas/conceitos-importantes
Imagem de capa: Governo do Estado de São Paulo